quarta-feira, 1 de abril de 2009

Rastro

Acordei e não estavas mais lá
Na cama, ainda senti teu calor ao lado
Me Sussurrou o lençol que havia pouco que tinhas saído dalí
Planava sobre a leve brisa que circulava teu cheiro floral de sabonete
Vi, ao pé da cama, meio que pendendo ao chão, tua camisola
Invólucro sacro de tua delícia maternalmente profana
Te imaginei nela, te vi sentada na cama, neste mesmo lugar
Lembrei, ao ver os fios de cabelo que ainda jazem sobre o travesseiro ao lado
Teu ritualistico pentear - fios de saudade que me enforcam
Que me levam a ti tão verdadeiramente sem te trazer a mim
Olhei pra cômoda que abarrotada e austera, ostenta tuas coisas
Teu batom tombado, destampado, guandando pra si a glória de seu ofício magnifico
Olhava com desprezo pro vidro de colônia de laranjeira em flor
Que diálogo travavam não consigo saber
Mas de inveja me corroí dos dois
Penso que mais um objeto de tua cômoda sou
Me entorpeço com teu perfume
Tiro com voracidade teu batom
Te arranco a roupa e rápido sorvo teus cheiros recônditos
E dentro de mim guardo nada mais que as lembranças
Que me deixas assim... por acaso largadas no teu rastro


Fábyo R. Bayma
01/04/2009 10:50