quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Te vi em sonho
Teu corpo despudorado
Escondido apenas em minha onírica vergonha
Te olhava e não te escondias
Onde estávamos?
Onde além de dentro de mim te escondes?
Te vi em sonho
E hoje quando me falaste do viver
Acordei do sonho contrito
Em vigília de desejos
Cá estou aflito
Te desejando, te olhando
E, agora, contigo sonhando

02/12/2009 10:19


"Estala coração de vidro pintado"

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Madeixas amendoadas afloram
Sobre amorenada cútis se refestelam
Cantarolando brandos doces acaloram
Incendeiam seres gélidos que se admoestam

Ensandecida paixão obstante
Pronde caminhas tão hesitante?
Não libertas minha natureza relutante
Muito menos, satisfaz o ímpeto azucrinante

Aveludada melodia pueril
Por tão castos lábios entoada
Ecoam menos em peito primaveril
Já que mesmo a alma suspira arrebatada

Fábyo R. Bayma
26/11/2009 12:04

terça-feira, 29 de setembro de 2009

De manhã a bossa de teu sorriso
Ao meio dia o samba de teu feijão
Na sesta o bumba meu boi do teu coração
Ás treze e trinta a fuga do paraíso

No corre-corre do rock do dia
Rebolando no xote da lida
Desviando da balada vadia
Levando a sério o passo da valsa da vida

A tardinha chega no salão
Dançarinos desfazem os pares
A música cessa na ocasião
Em que um apito os manda de volta os lares

Acelera-se o sapateado compassado
Amontoados bailam a salsa dos condenados
Entre ferros e ferragens o forró entremeado
De hip-hop’s de sonho e saudade embriagados

Ao chegar em casa emerge flamenco olor
De amor cozido no zouk frescor
E na dança do ventre dos teus quadris
Perdem-se olhos distantes num carimbó de anis

E numa lambada de ritmos
Entregamos nossos corpos num bolero
Que faz valer à pena o fado que sentimos
Num cotidiano de tango sincero

“Estala coração de vidro pintado”!!!!


Fábyo R. Bayma
29/09/2009 09:43

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Murcha o jasmim de minha alegria
Despetaladas flores derramadas
Sobre o semblante enterrado
Esconde-se o que fora belo e claro

Suspiram as margaridas
Recolhem-se vexadas as damas da noite
Transpiram lacrimejos as violetas
Curvaram-se as papoulas

Todo o jardim feneceu
De tristeza pela falta do jasmim
Que era lindo e faleceu
Amarga fica a vida

Sem essa flor que Deus me deu

Fábyo R. Bayma
25/09/2009 09:36

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pêssego de acre delícia,
Maravilhosa seda taciturna,
Quão maravilhosa seria a vida
se tua tez esbarrasse na lua!
No firmamento noturno,
Nas então infinitas trevas,
Além das estrelas, teu paço eterno,
Brilhasse também tua forma nua,
Firmamento de ternura,
Índice de meu querer,
Teu regaço seria
Não um norte para naus,
Mas o fim glorioso do reino mortal.
E em teus domínios,
Adorada ninfa,
Só teu beijo rebentaria ao longe,
Só teu sorriso faria alvorecer,
Só tua pele resplandeceria ao sol,
Só tu, amada,
Com celeste corpo
Orbitarias num belo universo
E levaria ao caos
A mais terna doçura e paz

Fábyo R. Bayma
31/08/2009 09:28

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Desperta em teu seio
A volúpia do desejo
Afogo no anseio
O impulso sem ensejo

Branca lua perfumada
Derrama em mim tua tez adocicada
Desce e resplandece
Luz divina que empalidece

Lua, lua, lua
De onde tiras tanta graça?
Onde guardas a delicia
Que é só tua?

Flor, maravilha dos céus,
Impiedosa imperatriz
Dá-me a dádiva de vida
Ancorado no suplício de te querer

Deságua sobre mim, lua
Dá-me paz, delícia!
Alva flor do jardim celestial
Dá-me o mel que é só teu!


Fábyo R. Bayma
20/08/2009 14:09

terça-feira, 28 de julho de 2009

Flashback 1

Sentado olhando para a rua
Pode-se ver o mundo correr
O constante estado passageiro
Não pára nem pra olhar

Sentir, perceber, constatar
Só o objetivo importa
O impreciso, incerto
Sentado, olha pra rua e vê

Vê todos que se vão e vêm
E todos não o vêem
Não percebem que o inerte
Olha, vê, sente e clama

Entre sussurros e suspiros
Diz oi a quem vai
E tchau a quem fica
Só, sentado, vendo tudo

Tudo que anda, corre
Manca
Todos que falam, gritam
Choram

Tudo que se constrói, ultrapassa
Desaba
Tudo que se deseja, realiza
Desilude

Sentado, pode-se ver o mundo correr
Pessoas, mundos adversos
E sentado, pode-se ver que todos passam
Passam, passam e passam




Fábyo R. Bayma
20/05/2008 14:25

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Flashback

A contemplativa senhora no portão

E ali parada junto ao portão eu a vi
O olhar, perdido, vendo a chuva cair
E eu sozinho, na rua andando,
Caminhando, sentindo pingos aos poucos molhando

Onde estavam seus pensamentos?
O que de tão fascinante tinha a chuva que a hipnotizara?
Lembrava dos anos idos?
Sonhava com o futuro?

Ali, absorta em si.
Ensimesmada e alheia ao tempo ela estava
Parada rente à porta
Olhando entre as barras do portão

Simplesmente vendo a chuva cair...


Fábyo R. Bayma
17/12/2007 21:09

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tua boca
Meu desejo
Teus cabelos
Com fúria arpejo
Teus seios
Com afeto solfejo
Tuas ancas
Minha perdição em sacolejo
Teu hálito
Ao além velejo
Tuas curvas
Meu perfeito motejo
Teu andar longínquo
Ao longe cortejo
Teu tenro amor vadio
Aceito sem pestanejo
Teu desdém
Revoltado esbravejo
Tua eterna indiferença
Constante ímpeto apedrejo
Mas quando abertamente sorrís
De pungente felicidade lacrimejo
Com o brilho dos teus olhos
Sinto o peito abrir por tal vicejo
E quando me dás a graça do toque
Em cânfora deságuo o gotejo
Regozijo de tudo e dou graças por seres
Tudo o que sinto, toco e beijo

Fábyo R. Bayma
15/07/2009 12:39

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quando desvio do teu corpo
No teu sorriso esbarro
Quando evito teu copo
No teu néctar me embriago

Quando circundo teu perfume
Na tua loucura tropeço
Quando penso ter o olhar imune
Em segredos é teu amor que peço

Não ouviste quando clamei por ti
Insano
Não aceitaste o amor que ofereci a ti
Profano
Não viste a mão que estendi a ti
Engano

Pousam sobre coração partido
Mariposas negras de lamentação
Voam flexas de cupido
Apregoam o já tão curtido couro do coração

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tentação

Reluto em dizer o teu nome
Não adimito a dor que me consome
Rejeito o perfume e a fome
Que brotam ao dizer teu nome

A agonia de sonhar transpassa
Alegria do ser tornada desgraça
Arde o desejo que arregaça
Vivo e morro de graça

Pobre de mim que canto
Teu nome sussuro em pranto
Mesmo dormindo desencanto
Do sonho que vivo no canto

Da paixão desiludido
Do sôfrego suspiro arguido
Despetalo em lágrimas meus gemidos

Paro... penso... olho...

Acordo do sonho exaurido

Fábyo R. Bayma
10/07/2009 17:34
Eita, James, não me chames mais
Não me fales assim de suas dores
Não te darei meu ombro jamais
Fique com suas lamentações e cores

Eita, James, que dor, heim?
Pelos seus gritos e acordes deduzo
Que felicidade pra ti já não é bem
E à infortúnio constante, tua vida reduzo.

Eita, James, e não é por mal que isso faço
Não, não penses isso de mim
A faca que agora em teu pescoço passo
Corta minhas veias igualmente, sim

Eita, James, vem pra cá, senta aqui
Mostra pra mim por onde vai esse andor.
Que o pranto que desamarra a dor já senti
E sei que não tardas a me imputar a dor.

Eita, James,

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Prece

Por tua beleza que resplandece o mundo
Se olhar demais me apaixono
Enxe os olhos e deixa tudo mudo
Refletindo no corpo o verão e o outono

Branca tez lunar
Transborda de saliva a boca
Semeia no peito palavra louca
Faz o coração estrondar

Septo translúcido entre alucinação e sonho
Transpira do teu peito perfume
Desesperado beijo risonho
O centro do meu mel arfo abocanhar

Ah límpida luz de minha vida
Dá-me prazer de tuas madeichas tocar
Cura essa chaga desenvolvida
Saciando o ímpeto de minha sede abatocar

Maravilhosa flor de doçura
Me derrama sobre todo o ser tua formosura
Abarrota-me com deu olor
Não me deixer morrer em dor!

Maravilhosa flor matinal
Auspicia minha vida
Faz de meu viver um enterno sobrenatural
Torna o branco de tua pele toda cor desenvolvida

Sem cuidado algum me deixas tomar-te nos braços
Me deixa deitar sobre teu regaço
Para chorar a dor de tanto ter passado sem te ter
Para que consolide o sentimento em todo meu viver

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Rastro

Acordei e não estavas mais lá
Na cama, ainda senti teu calor ao lado
Me Sussurrou o lençol que havia pouco que tinhas saído dalí
Planava sobre a leve brisa que circulava teu cheiro floral de sabonete
Vi, ao pé da cama, meio que pendendo ao chão, tua camisola
Invólucro sacro de tua delícia maternalmente profana
Te imaginei nela, te vi sentada na cama, neste mesmo lugar
Lembrei, ao ver os fios de cabelo que ainda jazem sobre o travesseiro ao lado
Teu ritualistico pentear - fios de saudade que me enforcam
Que me levam a ti tão verdadeiramente sem te trazer a mim
Olhei pra cômoda que abarrotada e austera, ostenta tuas coisas
Teu batom tombado, destampado, guandando pra si a glória de seu ofício magnifico
Olhava com desprezo pro vidro de colônia de laranjeira em flor
Que diálogo travavam não consigo saber
Mas de inveja me corroí dos dois
Penso que mais um objeto de tua cômoda sou
Me entorpeço com teu perfume
Tiro com voracidade teu batom
Te arranco a roupa e rápido sorvo teus cheiros recônditos
E dentro de mim guardo nada mais que as lembranças
Que me deixas assim... por acaso largadas no teu rastro


Fábyo R. Bayma
01/04/2009 10:50

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pintando protestos em letras garrafais disformes
Cantando pétalas que jamais serão tocadas
Assobiando composições agnósticas mudas
Escrevendo olores insípidos
Enaltecendo e repudiando o nada que há em mim
Tentando caputrar tudo que reflete de todos
Tentando gritar de forma afinada os semitons da vida
Resumindo pensamentos a frases de msn
Falando sem parar o que penso não conseguir fazer
Acordar pensando em voltar a dormir
Ejacular vida mesmo morrendo a todo momento
Fabricar amores para cobrir cicatrizes
Fazendo brotar sorrisos eclipsando lágrimas
Elevando a alma entorpecendo o corpo
Buscando a escuridão em meio a tanta luz
Desejando um último verso sem parar de rabiscar
Versos
Rabiscos
Lamentos
Confusão
Profusão
Basquiat!


Fábyo R. Bayma
19/03/2009 15:05

segunda-feira, 2 de março de 2009

CHÁ VERDE SABOR LIMÃO

Ingredientes: folhas e talo de chá verde (Camélia Sinensis, (L) Kuntse) e aroma idêntico ao natural de limão.

Aroma: cítrico, refrescante, verde.

Sabor: redoxon, xarope aromático (que minha vó fazia), levemente cítrico.

Obs: puro, só com água, penso que seja o melhor, porém, adoçar com mel ao invés de açúcar pode ser uma boa.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Chá de Erva Doce

Ingredientes: sementes de erva doce

Fabricante: Api Chá

Aroma: Adocicado, comovente, tranqüilizante, mingau de São João.

Sabor: Doce sem ser açucarado, sensação de calma. Perfeito para dores de estômago e noites de insônia.

Obs: Particularmente prefiro com leite e adoçado.

Cinema

Apesar de conhecer algumas pessoas que não demonstram nenhuma atração pelo cinema, creio que não haja um ser humano imune às poderosas cargas de emoções e sensibilidade que emanam de um filme bem dirigido, produzido e etc.
O que normalmente ficaria “relegado” à coluna “Paixões Relâmpago” evoluiu para um post singularmente instalado em meu coração. Quiçá, se afastando do patamar de “mera paixão”, o cinema tem se mostrado muito mais que filme muito mais que estandarte cult, algo além da simples produção de entretenimento, aquém a todos os lançamentos, algo que assim como na música clássica, na literatura e nas artes em geral, encontrei a explosiva e maravilhosa forma de expressão que retrata de maneira audiovisual, o olhar, a emoção e de maneira única, a ação, levando-nos, portanto, às diferentes visões, às diferentes maneiras de enxergar o mundo e as naturezas que o compõem.
Há aproximadamente dois anos busco me aproximar da linguagem cinematográfica o quanto posso além de me entorpecer de informações de tantas fontes quanto encontro. Tenho procurado exercitar meu olhar o submetendo às mais diversas formas de produções. Longas, médias e curtas, documentários, histórias de vida, ficções, romances, guerras, sátiras, comédias, tragédias, clássicos, enlatados ou nem tanto, lançamentos ou não, sempre buscando mais, tentando ampliar a forma de entender, interpretar e reconhecer as obras não apenas pelo que mostram em sua fotografia, mas por suas intenções em áudio e possíveis – e bastante recorrentes - referências literárias.
O que motivou o post, além da intenção de alimentar o blog de informações úteis, é claro, foi também o intuito de compartilhar a felicidade de ter achado algo que é não só maravilhoso por me entreter de maneira tão positiva por tratar-se de mais uma linguagem artística além da literária, teatral e musical, mas, também por ser fonte inesgotável de conhecimento e admiráveis obras primas.
Imagino que – mesmo dentre aquelas pessoas que citei no início do post – não haja quem não tenha seus filmes preferidos, ainda que estes não sejam de Godard ou Makhamalbaf, guardamos conosco uma inesquecível lista de filmes que podem ser significativos não apenas pela obra em si, porém, pelo contexto em que fora assistida, seja pela companhia ou pelo dia propriamente dito. Particularmente poderia citar incontáveis casos de que lembro não só do filme, mas do dia em que o assisti. Um exemplo bem claro de quão forte podem ser as recordações ocorreu em uma noite de sábado há uns seis ou sete anos atrás, não lembro ao certo: trabalhava em um provedor de internet e estava encarando mais um plantão rotineiro. O telefone não tocava e resolvi me distrair entre um download e outro indo para frente da TV procurar algo para assistir, pulando entre os canais, me deparei com um filme que estava começando e fui tomado por um daqueles arrepios que não sabemos explicar. Era um filme que havia assistido na infância (Viagem ao mundo dos sonhos/ “Explorers”, de 1985). Uma lembrança forte me arrebatou, lembrei dos tempos idos, de quando íamos à locadora (Cine Vídeo ou outra qualquer) pegar fita (para os novinhos: antes assistíamos filmes em um equipamento chamado vídeo cassete onde introduzíamos enormes fitas VHS), me veio à mente até mesmo o cheiro que vinha de dentro das fitas e do perdido ato de ir à locadora com minha mãe, irmão ou amigo.
Cinema, portanto, está dentro de cada um de nós. Não há leitura básica, conhecimento prévio ou regra. Assim como toda e qualquer obra de arte existe para nos comover, nos fazer refletir, causar admiração, raiva, paixão ou simplesmente lembrar de nossa condição de passageiro de uma viagem sem volta.

Fábyo R. Bayma
19/02/2009 10:11

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Chá preto

Muita gente só toma quando está doente, porém, há aqueles que sentem vontade de experimentar, mas, tem receio do que encontrarão. Adoro puro, quente e gelado, verde ou preto. É ótimo acompanhamento para filmes, músicas, longas ou breves escritas. Chá alimenta a alma, acalenta o corpo e há quem diga que também é cultura. Enfim, agora apresento...

CHÁ PRETO

Ingredientes: folhas e talos de chá preto ( Camélia sinensis, (L) Kuntze)

Fabricante: Leão

Aroma: reconfortante, acolhedor, “passeio no Rodrigues Alves” às 17:00 depois da Chuva.

Sabor: Amadeirado, maduro, consistente. Inicialmente parece adocicado, mas, ao contato percebe-se um amargo não muito profundo, porém, obtuso. O gosto posterior não muito ativo.

Obs.: Particularmente prefiro adoçado.


Fábyo R. Bayma

18/02/2009 11:48

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Pétalas arrancadas pelo desejo
Solfejo...
Velas apagadas pelo suspiro
transpiro...
Ninfas flamejando ao vento
Invento...
Sorrisos cravados no silêncio
Incêndio...
Madeixas acastanhadas pela lua
Flutua...
Alvo reflexo puro e inenarrável
Inflamável
Delineada a perdição corpórea
Pecado...


Fábyo R. Bayma
17/02/2009 00:05