sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Escafandrista

Como um escafandrista que desce às profundezas, me sinto aprisionado num universo de incertezas, de lógicas tão ilógicas e plenas de si mesmas que a prisão de meu escafandro é claustrofóbica e aterrorizante, mas, ao mesmo tempo, é segura, solitária e apesar de toda a dificuldade, dentro dela consigo um pouco do silêncio que acho que preciso para uma existência tranqüila.
Muito tempo passei à deriva na superfície instável, oscilante. Olhando ao longe, no horizonte, a infinidade de formas, direções, possibilidades e medos, não me movi. Me mantive inerte, resoluto em minha própria condição estática e mutante. Jogando ao fundo as âncoras do desespero e ansiedade que, ao contrário, só me jogavam mais ao longe feitos velas infladas e impelidas pelos furacões da incapacidade e da tristeza.
Quando projetei o escafandro com seu isolamento acústico, o fiz reforçado nas juntas, seu visor, de vidro duplo. A mangueira que me prende ao oxigênio vital, forte e longa o suficiente para o fornecimento prolongado e eficiente. A armadura perfeita para o inóspito ambiente que ira desbravar: As profundezas de meu próprio ser. Meu próprio universo particular. Fechado dentro de mim mesmo, não mais a buscar portas, mas, lançado a busca do que de mais valioso pode haver dentro de cada um: nossa própria essência.

25/02/2011 11:19