quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um equilibrista ébrio
Um trapezista com medo de altura
Um mágico sem cartola, sem coelho
Um anão com dois metros de altura
Um homem sem pele, descarnado
Um palhaço sem nariz
Um palhaço...


O Palhaço Do Circo Sem Futuro
Cordel Do Fogo Encantado
Sou palhaço do circo sem futuro
Um sorriso pintado a noite inteira
O cinema do fogo
Numa tarde embalada de poeira
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo
(Palhaçada)
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo
(Palhaçada)

Sou palhaço do circo sem futuro
Um sorriso pintado a noite inteira
O cinema do fogo
Numa tarde embalada de poeira
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo
(Palhaçada)
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo pegando fogo
Circo
(Palhaçada)

E a lona rasgada no alto
No globo os artistas da morte
E essa tragédia que é viver, e essa tragédia
Tanto amor que fere e cansa

sábado, 15 de outubro de 2011

Here and ever

Se eu fosse o Paul pra ti eu escreveria Here Today
Se pudesse dizer que falta fazes, cantaria
Se eu fosse o Paul, você seria o John
Mas não sou o Paul e você não está morto
Onde estarás, amigo meu?
15/10/2011 13:16

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

/format c: \q\s
/errase memory *.*
/eject *.* i/o data
/del *.past
/refresh *.friends
/shutdown system -h -t
/restart *.*
/fuck stupid line command!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Como dizer oi se nunca quis dizer adeus?
Como ler tudo se o que queria ler era Lourenço?
Como estudar se queria dormir?
Como trabalhar se queria simplesmente ler?
Como querer rever se sinto vontade de ficar só?
Como sair do mundo e vencer na vida ao mesmo tempo?
Como é que se vence na vida?
Como é que se vence algo?
Como pedir perdão sem se saber ao certo de que?
Como sonhar de novo que pra sempre não acaba?
Como é sonhar?

“oooooo here today...”

Fábyo R. Bayma
17/08/2011 12:47

terça-feira, 19 de julho de 2011

"bom dia, olha a vassoura,patroa, bom dia"

A voz dele me parece muito suave. Denota leveza, chego a pensar que é feliz. Como pode ser feliz se vende vassouras? me pergunto. Talvez eu devesse vender vassouras também, mas não, procuro realização e felicidade onde todos dizem que ela está. Talvez devesse deixar minha barba e cabelos crescerem indefinidamente. Talvez devesse passar os dias inteiros lendo, escrevendo os garranchos aos quais chamo poemas. Talvez devesse realmente tentar pintar, interpretar, pintar minha cara de palhaço com aquela tinta fedida que eu tanto gosto. Talvez devesse me apresentar o tempo todo como "Cabinho" e o Fábyo ficar guardado no guarda-roupa cheio de naftalinas e "patcholi". Não que o Cabinho seja todo felicidade, mas o sorriso dele por natureza já é estampado no rosto e seu rubro foçinho ofusca quase toda tristeza que encontra pela frente e estampa sorrisos nas faces amareladas pelo cotidiano.
Talvez devesse vender vassouras. Ele sai vendendo as suas vassoras como se fossem a solução para a vida das pessoas sem deixar de transparecer que são também a solução para a sua própria. Ele cumprimenta as pessoas com quem eu divido a vizinhança da casa e da vida melhor do que eu consigo cumprimentar em todos esses anos que aqui sobrevivo. Me escondo, escaramuço.
Certamente se trata de um protocolo para vendas. Afinal, "educação é uma forma de demonstrar respeito pelas pessoas" foi o que aprendi em um enlatado do Cinema Em Casa (lata). Bem, eu acho que sou enducado, mas entendo educação como uma formalidade que afasta, que ME afasta. Assim, me sinto mais "impessoal". Assim forço a pessoa a reagir conforme o protocolo sem quecom isso tenha de me aproximar demais. Acho que isso é doidice. Dessa forma acho que não poderia vender as vassouras. Morreria de fome, e a casa das pessoas ficaria suja, e suas vidas sem solução. Não, acho que a minha filial da "vassouraria" teria que fazer muita análise de mercado e treinamento para estabelecimento de metas e cumprimentos das mesmas. De repente, poderia comprar uma franquia dele e aí, quem sabe, eu pudesse me comportar como ele, me passar por ele (melhor ainda) e assim parecer mais satisfeito. Feliz.
E no dia que tivesse um filho, pensaria duas vezes antes de me aborrecer com ele se ele disser: "papai, já sei, o que quero ser quando crescer. Vendedor de vassouras, como o senhor". Me orgulharia disso. Poderiamos até fazer uma empresa familiar, como essas que tem por aí, com o sobrenome e tudo na fachada. Seria portanto uma tradição, um legado, que seria passado de geração para geração. Algo nobre, invejável quiçá.
Gostaria que minha voz soasse como o prenuncio da felicidade, da limpeza. Que todos viessem ao meu encontro, felizes por me reencontrar, realmente precisando do que eu estaria trazendo comigo. Talvez, a vida fizesse mais sentido, tivesse realmente um valor, afinal, a tão sonhada e desejada felicidade já teria sido encontrada.
"Olha a vassoura, olha a vassoura
Bom dia, patroa, olha a vassoura
Abençoado dia, patroa, olha a vassoura
Promoção de verão, preço mais baixo não há
Vai uma vassoura hoje, patroa?
Não? Um bom dia pra senhora, tudo de bom!
Olha a vassoura, olha a vassoura..."

19/07/2011 10:06

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lecter wannabe

Caminho lentamente no corredor largo
Vou curtindo cada seguindo que antecede
Desde já sinto que já realizo
Ouço o eco de meus passos
Eles parecem reverberar em todo o prédio
Sinto o vento no meu rosto
Reduzo o passo
Sinto os cheiros com mais facilidade
Me dou conta de cada parte do meu corpo
Minha respiração fica mais profunda
Não sinto a calma, mas não estou agitado
Sinto pressa, mas não penso em acelerar

Há poucos metros à frente a presa
Primeiro contato visual
Minha posição é vantajosa
O vento não sopra aqui dentro
Todos seguem em suas rotinas
Pensam que vida é só o que até então viveram
Acham que o mundo é louco
Mas até então era só algo que passara na tv
O alvo sem percebe minha aproximação
Eu caminho mais lentamente
Com precisão avalio distancia e força
Ela se mexe, instintivamente paro um tempo
Constato que um não sei o que me camufla
Sinto o cheiro de sua posição desprevenida
Dou um passo e simplesmente não sou percebido
Bingo!
Estou dentro da zona de ataque con-for-ta-vel-men-te
Me sinto tão a vontade que decidi mudar a arma
Não vou mais usar nenhuma que não as minhas
As que sempre possuí, mas, que pouco utilizo
Ao menos, todo seu potencial que possuem
Me aproximo ao ponto de sentir seu cheiro
Ela me vê
Esboça reação
É tarde
Anulo qualquer possibilidade de ruído
Levo ao solo
Finalizo meu intento
Com 100% de aproveitamento
Me retiro do mesmo jeito que entrei
Novamente sinto o vento
Agora ele me refresca
A respiração estabiliza
O coração abranda
Silêncio
Satisfação

Fábyo R. Bayma
08/07/2011
12:45

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ardente glória da infame ignorância
“Dou ao diabo o bem-estar que trazia”
Um estrondo seco me alarma
Invado a sala que estava fechada
Pé na porta! Pá! Ela vai ao chão
Em estilhaços encontro o espelho da alma
“És vegetal amiga, amiga...”
Miríades de sombras manifestam-se em escala de p&B
Alva, a pele resplandece a lua
Resvalado encontro o corpo sobre o sofá
A imagem desfalecida, imaculada me entorpece
Um anjo decaído
Uma sílfide dormente
As madeixas, longas e revoltas
Quebrando em ondas de ressaca
Um maremoto que se estende sobre o veludo
Em meu intimo: efervescência
Diante de mim a desesperadora constatação
Perdido na cerração da dúvida
Não decifro o estado
Venço o torpor que me paralisa
Me aproximo
O círculo hipnótico do perfume me faz fraquejar as pernas
Eu caio sobre meus joelhos
De perto pude perceber o que a distancia me furtava
O peito arfante
Me detenho nas formas oscilantes
Elevações precisas
Apontavam para minha sensatez já afetada
Relutante, recobrei a consciência
Percebi então os laços oníricos que me enredavam
Me afastei, ignorei
Ardente é a glória da infame ignorância

Fábyo Ribeiro Bayma
07/07/2011 18:38

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eu finjo acreditar em sorrisos amarelos
De todos estes o único que ainda me sinto alegrar
É o sorriso amarelo solar
Mas, quando muito olho, ele me queima
Não que os outros não me queimem
Mas queimam muito pouco hoje em dia
Espero que amanhã de manhã queimem menos ainda

Eu finjo que não percebo o desvio de olhares
Sinto que a verdade que os olhares mostram
Não é dura, seca ou doída
É velha, rançosa, sem graça
Mostraria o quanto vazio são seus donos
O quão ocas suas origens
Às vezes, até evito olhar no espelho

Finjo ignorar a repugnante realidade:
Pessoas perdendo oportunidade de confraternizar
Se furtando de um simples olhar
Mas, confesso, elas me ajudam
Me fazem sentir bem já que pouco sinto vontade de falar
Se pouco sinto vontade de saber se de fato estão bem
No fim, acabo fazendo parte
Uma parte de um todo de conjuntos unitários
Um Arkanoide de olhares
Uns destruindo os outros

Fábyo R. Bayma
06/07/2011 09:49

terça-feira, 5 de julho de 2011

Indo na contramão eu percebo todos que vêm
Vejo todos, olho como se pudesse cumprimentar cada um
Mas não sei se todos me vêem
Para onde vão, de onde vieram eu não sei
De fato, não quero saber
Pois o enigmático e desconhecido morre no cotidiano de suas vidas
Quando chegam a destinos ordinários

Toda hora vejo o relógio que não cessa
Não pára de contar tudo o que fiz e o que deixei de fazer
Ele não me deixa esquecer de lembrar
A tv, muda, fala mais sobre o nada que mostra
Eu gosto assim, imagino que as imagens que vêm
São de um mundo que não o meu
Um mundo que não é "high-definition"
Que não é de um belo-exato artificial
Quisera eu poder apertar o "mute" quando ando na rua e das pessoas que vêm e vão
Quem sabe assim, andar na rua não seria uma experiência
"surdofônica" e 3D

Fábyo R. Bayma
05/07/2011 10:35

terça-feira, 17 de maio de 2011

fire in the hole!

Vou riscar da parede Teu nome
Para não permitir que o usem em vão
Gritar para o mundo orações silenciosas
Para ensurdecer ouvidos entupidos de mentiras
Sufocar as vozes esganiçadas que berram
Mentem, inventam e aventam coisas Tuas
Vou queimar as bandeiras, insígnias e templos
Tudo que remeta às verdades forjadas
Implodirei colunas erguidas sobre calúnia
Com a fúria que consome os séculos

Tudo o que não for puro e sublime perecerá
Tudo o que não for puro e sublime perecerá

Correrei nos campos tecidos pelas Tuas mãos
Carregando comigo só o que me Deste
Vivendo no mundo que me Deste
Da maneira como me Guiares

Tudo o que não for verdadeiro perecerá
Tudo o que não for verdadeiro perecerá

Darei graças pela vida a cada dia
Erguerei minha casa sobre a rocha
Nutrirei meus filhos com Tua glória

A vida frutificará conforme tua vontade
A vida perecerá conforme tua vontade

Eu perecerei, graças a Ti, eu perecerei
Me será a dada a glória mortal do fim
E até lá, esta é única certeza que me dás.

É isso mesmo?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quão Besta sellers fui

A visão das capas sempre muito bem ilustradas, estrategicamente exposto perto de caixas de supermercado e bancas de revista, papel de boa qualidade e um encadernamento igualmente caprichado, sempre foram uma tentação para mim, é verdade. Mas, quando pensava na quantidade sempre crescente de leituras que preciso e quero realizar tais como os clássicos, autores canonizados, sem falar das leituras técnicas. Nesses momentos de tentação, meu DOPS censurava: esse Best seller de aparência e fama atraente fica pra depois, pra um dia, quem sabe. Para o feriado do dia de São Nunca, muito provavelmente.
Pude então me dar conta que a leitura de um livro se configurava entre os muitos itens desencadeadores e propulsores de meu furacão de neurose e inércia. Instituí em meu sistema interno auto-regulador e tirânico que se fosse ler que lesse algo realmente bom. Algo com um valor realmente artístico, inegavelmente literário, pouco acessível, como que por uma imposição minha a mim mesmo, aprisionado em uma cela perdida em meu DOI-CODI particular, onde a regra era que a busca pela literatura, não seria só um prazer, mas, também uma obrigação. Mas, um dia me perguntei o por quê.
Onde está escrito o que é literatura e o que não é? Ainda não consigo definir e ficar com um discurso emprestado simplesmente por ter o que fixar em determinações internas, por hora, não me parece algo que realmente constitua um pensamento e mais ainda, uma verdade que eu possa ferrar em minha colcha de retalhos de couro curtido. Agora o que me importa é o prazer, seja assistindo a um programa de auditório, seja assistindo a uma das pérolas de Makhmalbaf. Aliás, por falar em cinema, lembro de um exemplo que vem bem a calhar: Godard é tudo, não é? Pode ser, mas, eu ainda não enxerguei esse “tudo”. Não estou pronto pra ele. Hoje, o prazer que Coppola me causa, por exemplo, isso sim é tudo, o meu tudo, pelo menos uma parte dele. E é exatamente neste ponto que encontrei um grande valor, o do reconhecimento da verdadeira experiência estética como sendo aquela que realmente faz valer o significado deste conceito e não aquilo que antes era minha lei, a qual rezava que o que já foi canonizado é que será o melhor independentemente dos olhos e do coração que a “consome”.
Há alguns anos, comprei numa feira de livros um exemplar português de “O livro do desassossego”, de Pessoa. Naquele momento eu tentei me entender com ele, mas, o fascínio não aconteceu. A narrativa não explodiu à minha frente e adiei a leitura. Lembro que me senti muito frustrado e, devido ao meu próprio desassossego– ainda no curso de letras – resolvi conversar com um professor o qual me ensinou que precisamos dar chance ao livro e não largá-lo logo. Dessa lição, aprendi que muito mais que dar chance ao livro, precisamos dar chance à voz de nosso coração poder dizer se aquele livro é adequado ou não naquele momento.
Tal reflexão me veio quando, depois de ter assistido ao filme Marley e eu, com o qual Roberta e eu ficamos bastante emocionados, resolvi comprar um exemplar do livro por nove dinheiros em uma liquidação do submarino. O tempo para iniciar a leitura foi enorme, vários meses. Hesitante e sob a sugestão mais que valiosa de meu amor, resolvi então iniciar. Uma surpresa: me apaixonei.
Surpreendido, e ainda sob o efeito extasiante de uma boa leitura, resolvi tentar outro que coincidentemente também já havia assistido: O caçador de pipas. Outra paixão e uma descoberta: definitivamente, assim como DJs tem como objetivo mortal e pungente destruir músicas fazendo versões sintetizadas e horrendas, alguns filmes tem o cruel objetivo de estragar (sob o pretexto de adaptar) histórias e livros.
Dois livros, um lido em duas semanas, outro, em exatos sete dias. Duas delícias que estavam em minha estante mutante há algum tempo e eu nem havia me dado conta disso. Minha concepção sobre os Best-sellers mudou. Podem ser bons sim. Um aprendizado: arriscarei-me mais, sairei do óbvio das cantilenas fanáticas que criei. Lerei quando, em quanto tempo e o que eu quiser. Hoje me sinto subversivo ao meu próprio sistema. Burlando as leis e espero que seja o fim da morte da ditadura que me impus e do ditador que eu fui.

18/04/2011 12:43

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Escafandrista

Como um escafandrista que desce às profundezas, me sinto aprisionado num universo de incertezas, de lógicas tão ilógicas e plenas de si mesmas que a prisão de meu escafandro é claustrofóbica e aterrorizante, mas, ao mesmo tempo, é segura, solitária e apesar de toda a dificuldade, dentro dela consigo um pouco do silêncio que acho que preciso para uma existência tranqüila.
Muito tempo passei à deriva na superfície instável, oscilante. Olhando ao longe, no horizonte, a infinidade de formas, direções, possibilidades e medos, não me movi. Me mantive inerte, resoluto em minha própria condição estática e mutante. Jogando ao fundo as âncoras do desespero e ansiedade que, ao contrário, só me jogavam mais ao longe feitos velas infladas e impelidas pelos furacões da incapacidade e da tristeza.
Quando projetei o escafandro com seu isolamento acústico, o fiz reforçado nas juntas, seu visor, de vidro duplo. A mangueira que me prende ao oxigênio vital, forte e longa o suficiente para o fornecimento prolongado e eficiente. A armadura perfeita para o inóspito ambiente que ira desbravar: As profundezas de meu próprio ser. Meu próprio universo particular. Fechado dentro de mim mesmo, não mais a buscar portas, mas, lançado a busca do que de mais valioso pode haver dentro de cada um: nossa própria essência.

25/02/2011 11:19