sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sentimentos: arquivos salvos em um mídia de alta complexidade de organização e armazenamento.

Fábyo R. Bayma
26/02/2010 12:42
Me diz que no fim tudo vai ficar bem
Diz que vou poder deitar no teu peito
Diz que não sou esse sujeito
Me leva pra longe daqui, me leva além

Mostra teu carinho
Me guarda de tudo
Me diz se há caminho
Me deixa ficar mudo

Lá fora chove tanto
Mas mesmo com esse vento
Sinto calor por enquanto
Vento leva também sentimento?

Me deixa fugir, vai
Me prende dentro de ti
Ouve quieta meu ai
E, por favor, me guarde todo pra si


Fábyo R. Bayma
26/02/2010 11:09
Se eu não fosse eu, quem seria?
Seria melhor? Pior?
Me dei conta que poderia estar em qualquer lugar, eu poderia ser o cara que trabalha no banco, o pai que deixava o filho na frente do prédio quando eu passei. Eu poderia ser o cara com a barba engraçada que conversava na vendinha de lanches. Eu poderia ser a mulher que vende dvd's piratas que me cumprimentou na parada de ônibus e eu por pouco não a reconhecia. Eu poderia ser qualquer um, estar em qualquer lugar. Mas não, estou aqui. E, eu "sou" eu. Escrevo e sinto isso, sem ao menos conseguir compreender o mínimo do que isso significa. Afinal, o que sou eu? O que é SER? o que é SER EU?
Pela manhã pensei na música do Simonal que não sai da minha cabeça há alguns e lembrei do professor Walter que um dia me disse que fora influenciado por esse cantor. Ao pensar nesse professor, me dei conta: Ele se foi, viveu, cantou, fumou até morrer. Hoje ele não pensa, não canta, não fuma, não É mais. ELE acabou.
Sempre que paro pra pensar na vida, penso no que preciso fazer, no que quero fazer, no que gostaria ser, no que quero comprar, no que não posso comprar, no que acham que eu preciso fazer, no que pensam de mim, no que SÃO esse "ELES" e quem SÃO? Talvez me falta clareza, competência textual, embasamento teórico para tal análise e até mesmo sanidade, mas, afinal, Se eu não fosse eu, quem eu seria?

Fábyo R. Bayma
26/02/2010 por volta de 10:00
blog de Fábyo R. Bayma, aqui ele escreve dizeres que ele julga poéticos. Aqui se expõe em versos. Ele vive. Isto não é uma lápide, mensagem telegrafica ou telegrama. É uma descrição "Nua e Crua" como o que ele escreve aqui. Usa a terceira pessoa agora por não estar se sentindo bem por se descrever de dentro de si. Ele, apesar de abominar a mentira, aqui, nem sempre fala a verdade. Aliás, aqui ele nunca fala, só escreve. Aqui ele se esconde atrás de significantes virtuais e foge da realidade confrontando-a visceral e repetitivamente.
Um blog fútil, sem sentido, sem valor literário. Um recanto, um esconderijo. Perdido, guardado como todas aquelas as coisas que tiramos do caminho, que entocamos, que colocamos dentro de armários escuros, entulhados. Um arquivo morto que vive, que cheira a naftalina, a formol, a ranço, a mofo. Um blog. Bem, é isso. É só isso.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ando perdido entre o que devia fazer e não faço
E a vontade de não fazer nada
Frustra-me até o querer não querer.
O ter que querer de todo dia
Só não é mais chato que o querer e não ter da vida toda.
Frustra o dia que teima em nascer
Decepciona a noite que reluta em passar
Tédio: é como encaro a sucessão de horas, minutos, segundos
Bato cartão: quatro horas arando um solo malédico, fanho, estridente
Bato cartão: escorre pela costa a vontade de fugir
Bato cartão: quatro horas de regressiva contagem infinita
Bato cartão: a volta para a fuga sem norte e fim
Como alguém resume sua vida a isso?
Como pode alguém agüentar isso por mais de uma década?
Não compreendo como suporto o dia inteiro
Dói, só não sei onde e o que.
Não compreendo como um dia pode ser tão igual a outro
Não entendo como posso fugir quando algo pode mudar
Não entendo a dor e sequer consigo dizer que a sinto, que é real
Mas, afinal, o que é real?


Belém, 23 de fevereiro de 2010 11:49

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nada é pior que o arrependimento
Dói até mais que saudade
Sentir arrependimento é chorar pelo amor que maltratamos
Arrependimento é fogo em brasa
É sentir a dor do próprio golpe
Revolve as entranhas
É dor a pleno galope
Quem bate no rosto de quem ama
Em solidão e silêncio é condenado a sofrer
Pela mão que arde contrita
Pelo peito selado feito cofre
Como pode então sobre tenra criatura viva
Recair tão torpe golpe?
Eis o peso tolo da ira
Que de fel resulta em profundo gole

“Dou ao diabo o bem estar que trazia”

Sou o arrependido que muito sofre

Belém, 22 de fevereiro 2010 18:00