terça-feira, 28 de julho de 2009

Flashback 1

Sentado olhando para a rua
Pode-se ver o mundo correr
O constante estado passageiro
Não pára nem pra olhar

Sentir, perceber, constatar
Só o objetivo importa
O impreciso, incerto
Sentado, olha pra rua e vê

Vê todos que se vão e vêm
E todos não o vêem
Não percebem que o inerte
Olha, vê, sente e clama

Entre sussurros e suspiros
Diz oi a quem vai
E tchau a quem fica
Só, sentado, vendo tudo

Tudo que anda, corre
Manca
Todos que falam, gritam
Choram

Tudo que se constrói, ultrapassa
Desaba
Tudo que se deseja, realiza
Desilude

Sentado, pode-se ver o mundo correr
Pessoas, mundos adversos
E sentado, pode-se ver que todos passam
Passam, passam e passam




Fábyo R. Bayma
20/05/2008 14:25

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Flashback

A contemplativa senhora no portão

E ali parada junto ao portão eu a vi
O olhar, perdido, vendo a chuva cair
E eu sozinho, na rua andando,
Caminhando, sentindo pingos aos poucos molhando

Onde estavam seus pensamentos?
O que de tão fascinante tinha a chuva que a hipnotizara?
Lembrava dos anos idos?
Sonhava com o futuro?

Ali, absorta em si.
Ensimesmada e alheia ao tempo ela estava
Parada rente à porta
Olhando entre as barras do portão

Simplesmente vendo a chuva cair...


Fábyo R. Bayma
17/12/2007 21:09

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tua boca
Meu desejo
Teus cabelos
Com fúria arpejo
Teus seios
Com afeto solfejo
Tuas ancas
Minha perdição em sacolejo
Teu hálito
Ao além velejo
Tuas curvas
Meu perfeito motejo
Teu andar longínquo
Ao longe cortejo
Teu tenro amor vadio
Aceito sem pestanejo
Teu desdém
Revoltado esbravejo
Tua eterna indiferença
Constante ímpeto apedrejo
Mas quando abertamente sorrís
De pungente felicidade lacrimejo
Com o brilho dos teus olhos
Sinto o peito abrir por tal vicejo
E quando me dás a graça do toque
Em cânfora deságuo o gotejo
Regozijo de tudo e dou graças por seres
Tudo o que sinto, toco e beijo

Fábyo R. Bayma
15/07/2009 12:39

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quando desvio do teu corpo
No teu sorriso esbarro
Quando evito teu copo
No teu néctar me embriago

Quando circundo teu perfume
Na tua loucura tropeço
Quando penso ter o olhar imune
Em segredos é teu amor que peço

Não ouviste quando clamei por ti
Insano
Não aceitaste o amor que ofereci a ti
Profano
Não viste a mão que estendi a ti
Engano

Pousam sobre coração partido
Mariposas negras de lamentação
Voam flexas de cupido
Apregoam o já tão curtido couro do coração

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tentação

Reluto em dizer o teu nome
Não adimito a dor que me consome
Rejeito o perfume e a fome
Que brotam ao dizer teu nome

A agonia de sonhar transpassa
Alegria do ser tornada desgraça
Arde o desejo que arregaça
Vivo e morro de graça

Pobre de mim que canto
Teu nome sussuro em pranto
Mesmo dormindo desencanto
Do sonho que vivo no canto

Da paixão desiludido
Do sôfrego suspiro arguido
Despetalo em lágrimas meus gemidos

Paro... penso... olho...

Acordo do sonho exaurido

Fábyo R. Bayma
10/07/2009 17:34
Eita, James, não me chames mais
Não me fales assim de suas dores
Não te darei meu ombro jamais
Fique com suas lamentações e cores

Eita, James, que dor, heim?
Pelos seus gritos e acordes deduzo
Que felicidade pra ti já não é bem
E à infortúnio constante, tua vida reduzo.

Eita, James, e não é por mal que isso faço
Não, não penses isso de mim
A faca que agora em teu pescoço passo
Corta minhas veias igualmente, sim

Eita, James, vem pra cá, senta aqui
Mostra pra mim por onde vai esse andor.
Que o pranto que desamarra a dor já senti
E sei que não tardas a me imputar a dor.

Eita, James,

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Prece

Por tua beleza que resplandece o mundo
Se olhar demais me apaixono
Enxe os olhos e deixa tudo mudo
Refletindo no corpo o verão e o outono

Branca tez lunar
Transborda de saliva a boca
Semeia no peito palavra louca
Faz o coração estrondar

Septo translúcido entre alucinação e sonho
Transpira do teu peito perfume
Desesperado beijo risonho
O centro do meu mel arfo abocanhar

Ah límpida luz de minha vida
Dá-me prazer de tuas madeichas tocar
Cura essa chaga desenvolvida
Saciando o ímpeto de minha sede abatocar

Maravilhosa flor de doçura
Me derrama sobre todo o ser tua formosura
Abarrota-me com deu olor
Não me deixer morrer em dor!

Maravilhosa flor matinal
Auspicia minha vida
Faz de meu viver um enterno sobrenatural
Torna o branco de tua pele toda cor desenvolvida

Sem cuidado algum me deixas tomar-te nos braços
Me deixa deitar sobre teu regaço
Para chorar a dor de tanto ter passado sem te ter
Para que consolide o sentimento em todo meu viver