terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ando perdido entre o que devia fazer e não faço
E a vontade de não fazer nada
Frustra-me até o querer não querer.
O ter que querer de todo dia
Só não é mais chato que o querer e não ter da vida toda.
Frustra o dia que teima em nascer
Decepciona a noite que reluta em passar
Tédio: é como encaro a sucessão de horas, minutos, segundos
Bato cartão: quatro horas arando um solo malédico, fanho, estridente
Bato cartão: escorre pela costa a vontade de fugir
Bato cartão: quatro horas de regressiva contagem infinita
Bato cartão: a volta para a fuga sem norte e fim
Como alguém resume sua vida a isso?
Como pode alguém agüentar isso por mais de uma década?
Não compreendo como suporto o dia inteiro
Dói, só não sei onde e o que.
Não compreendo como um dia pode ser tão igual a outro
Não entendo como posso fugir quando algo pode mudar
Não entendo a dor e sequer consigo dizer que a sinto, que é real
Mas, afinal, o que é real?


Belém, 23 de fevereiro de 2010 11:49

Um comentário:

Unknown disse...

Parece que o nome disso que você fala é ROTINA. Mas o pior não é isso, mas a rotina de algo que DETESTAMOS. Sabe, lembrei do Lourenço (Cheiro do Ralo), era tudo tão mecânico, sem sentido, que ele nem via passar o tempo ou parecia infinito.