quinta-feira, 16 de setembro de 2010

terei não um zoológico
mas um cão
Não morarei em um sítio
Mas terei um onde verei a vida brotar
Terei não uma vontade
Mas uma realização
Terei não um desejo
Mas um objetivo cumprido
Terei não um sonho
Mas uma explosão onírica desajuizada
Por hora...
She's leaving home... bye bye

15/09/2010 at five o'clock

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lembranças sempre
Tropeçando, correndo, cansando
Ofegantes do medo de lembrar
Do tudo-nada que se esconde
Entre os pilares da desconfiança
Lembranças sempre lembranças
Vivendo entre nada-tudo que se mostra
Emergindo do sacolejo sereno
Intrépido doce-amargo dos dias que se vão
Dias sempre anos
Levando embora o que um dia foi metade
De um todo que nem se vira inteiro
Dor sempre dor
Cicatrizando sorrisos que foram contidos
Por um adeus nunca dado
Dor sempre lembrança
Saudade

Fábyo R. Bayma
29/07/2010 08:12

terça-feira, 6 de julho de 2010

Na velocidade estonteante das horas
Não vou muito além de segundos
Que se amontoam na angústia dos dias
Resvalados na penosa marcha dos anos

Lancinantes gemidos de agrura
Serpenteiam a relva obscura
O que ocultam tais sussurros?
Surdo trote de ensandecido paladino

Rasga a bruma com lança em riste
Traçando a trajetória da perdição
Refletindo a lua em treva espelho

Runas enigmáticas revelam
O que simples palavras escamoteiam
Ecos de gritos nunca lançados
Na profundidade infinita da noite

Fábyo R. Bayma
06/05/2010 18:03

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bom Proletário

No rítimo de "O bom menino", do Palhaço Carequinha, todo mundo cantanto, vamo lá!


Bom proletário não chega atrasado
Bom proletário não faz malcriação
Bom proletário faz sempre o que lhe mandam
Bom proletário aprende sempre a lição

Bom proletário respeita sempre os maiores
Bom proletário não agride a coleguinha
Papai do Céu protege bom proletário
Que obedece sempre à empresinha

Por isso eu peço muita atenção a todos os proletários
Muita atenção à ordem (ups!, ordem não que eu não sou chefe) ao conselho que eu vou dar

Olha aqui:
Cabinho não é amigo de proletário que não se conforma com a realidade tacanha que o mundo capitalista impõe.
E também não é amigo de proletário que rói unha matando o tempo que poderia estar aumentando a pança do patrão que chupa chupeta também!

Tá certo ou não tá?

Táaaaaaa

Eu obedeço sempre à empresinha
Então aceite os parabéns do palhaço proletário Cabinho

O bom proletário...

Olha aqui:
Cabinho só gosta de proletário que respeita a empresa, chefinho, chefinha e a diretora
E seja amiguinho, quase irmão (afinal, não é nossa segunda casa?) dos seus coleguinhas
Saia pro almoço na hora certa e durma no tempo que a empresa te dá (olha, ela dá! É mamãe ou não é? Éeeeeeee!)

Tá certo ou não tá?
Táaaaaaaaaa

Eu obedeço sempre à empresinha
Então aceite os parabéns do palhaço proletário Cabinho
Viva o bom proletário!
Vivaaaaa!

Fábyo R. Bayma
21/05/2010 09:08 (ih, eu já devia estar trabalhando!)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Balangandã

Iluminando as trevas de minha vida
Encontras-te mesmo sem saber
Enchendo de beleza e doçura
Tornas sempre mais lindo meu viver

Pesadelo hoje é adormecer longe de ti
Sem teu calor pra me aquecer
Sonho é acordar ao teu lado
Sem ter que dele depois sair

Há de chegar afortunado momento
Em que seremos só um
E tal qual gineceu e androceu
Sigamos o divino destino

E seja na magnitude da aurora
Ou na sábia aquiescência da alvorada
Apertemo-nos ainda mais nossos abraços
E no eterno silêncio do passar dos tempos

Acertemos profundamente nossos passos
E na amplidão infinitamente finita do universo
Simplesmente entendamos o que é viver
E o que é amar

Fábyo R. Bayma
18/03/2010 14:02

quarta-feira, 3 de março de 2010

Ainda lembro daquele dia que te vi
Vinhas num caminhar tranqüilo
Quase soprando cantigas ao vento
Flutuando sobre pétalas de incenso

Ao longe vi tua sinuosa amplitude

Quando olhaste pro lado, me fitaste
Pude sentir o cheiro das tuas canções
Congelado, derreti. Fiquei sem haste
Aprisionei em mim teu pulso e andamento

Não compreendes o quanto ficaste em mim
Sequer lembras que um dia passaste por ali
Certamente, quando um dia cessar teu canto
Apenas dentro de mim encontrarei recanto

Hoje olho praquele caminho por onde vinhas
Nem a sombra do teu cheiro me leva a ti
Não entendo pra onde seguiste indo daqui
Mas, levaste contigo o aninho

O singelo carinho
O amor e o suspiro
Que um dia, mesmo sem saber
Mesmo sem querer

Ficou cativo em mim

Fábyo R. Bayma
03/03/2010 18:30

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sentimentos: arquivos salvos em um mídia de alta complexidade de organização e armazenamento.

Fábyo R. Bayma
26/02/2010 12:42
Me diz que no fim tudo vai ficar bem
Diz que vou poder deitar no teu peito
Diz que não sou esse sujeito
Me leva pra longe daqui, me leva além

Mostra teu carinho
Me guarda de tudo
Me diz se há caminho
Me deixa ficar mudo

Lá fora chove tanto
Mas mesmo com esse vento
Sinto calor por enquanto
Vento leva também sentimento?

Me deixa fugir, vai
Me prende dentro de ti
Ouve quieta meu ai
E, por favor, me guarde todo pra si


Fábyo R. Bayma
26/02/2010 11:09
Se eu não fosse eu, quem seria?
Seria melhor? Pior?
Me dei conta que poderia estar em qualquer lugar, eu poderia ser o cara que trabalha no banco, o pai que deixava o filho na frente do prédio quando eu passei. Eu poderia ser o cara com a barba engraçada que conversava na vendinha de lanches. Eu poderia ser a mulher que vende dvd's piratas que me cumprimentou na parada de ônibus e eu por pouco não a reconhecia. Eu poderia ser qualquer um, estar em qualquer lugar. Mas não, estou aqui. E, eu "sou" eu. Escrevo e sinto isso, sem ao menos conseguir compreender o mínimo do que isso significa. Afinal, o que sou eu? O que é SER? o que é SER EU?
Pela manhã pensei na música do Simonal que não sai da minha cabeça há alguns e lembrei do professor Walter que um dia me disse que fora influenciado por esse cantor. Ao pensar nesse professor, me dei conta: Ele se foi, viveu, cantou, fumou até morrer. Hoje ele não pensa, não canta, não fuma, não É mais. ELE acabou.
Sempre que paro pra pensar na vida, penso no que preciso fazer, no que quero fazer, no que gostaria ser, no que quero comprar, no que não posso comprar, no que acham que eu preciso fazer, no que pensam de mim, no que SÃO esse "ELES" e quem SÃO? Talvez me falta clareza, competência textual, embasamento teórico para tal análise e até mesmo sanidade, mas, afinal, Se eu não fosse eu, quem eu seria?

Fábyo R. Bayma
26/02/2010 por volta de 10:00
blog de Fábyo R. Bayma, aqui ele escreve dizeres que ele julga poéticos. Aqui se expõe em versos. Ele vive. Isto não é uma lápide, mensagem telegrafica ou telegrama. É uma descrição "Nua e Crua" como o que ele escreve aqui. Usa a terceira pessoa agora por não estar se sentindo bem por se descrever de dentro de si. Ele, apesar de abominar a mentira, aqui, nem sempre fala a verdade. Aliás, aqui ele nunca fala, só escreve. Aqui ele se esconde atrás de significantes virtuais e foge da realidade confrontando-a visceral e repetitivamente.
Um blog fútil, sem sentido, sem valor literário. Um recanto, um esconderijo. Perdido, guardado como todas aquelas as coisas que tiramos do caminho, que entocamos, que colocamos dentro de armários escuros, entulhados. Um arquivo morto que vive, que cheira a naftalina, a formol, a ranço, a mofo. Um blog. Bem, é isso. É só isso.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ando perdido entre o que devia fazer e não faço
E a vontade de não fazer nada
Frustra-me até o querer não querer.
O ter que querer de todo dia
Só não é mais chato que o querer e não ter da vida toda.
Frustra o dia que teima em nascer
Decepciona a noite que reluta em passar
Tédio: é como encaro a sucessão de horas, minutos, segundos
Bato cartão: quatro horas arando um solo malédico, fanho, estridente
Bato cartão: escorre pela costa a vontade de fugir
Bato cartão: quatro horas de regressiva contagem infinita
Bato cartão: a volta para a fuga sem norte e fim
Como alguém resume sua vida a isso?
Como pode alguém agüentar isso por mais de uma década?
Não compreendo como suporto o dia inteiro
Dói, só não sei onde e o que.
Não compreendo como um dia pode ser tão igual a outro
Não entendo como posso fugir quando algo pode mudar
Não entendo a dor e sequer consigo dizer que a sinto, que é real
Mas, afinal, o que é real?


Belém, 23 de fevereiro de 2010 11:49

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nada é pior que o arrependimento
Dói até mais que saudade
Sentir arrependimento é chorar pelo amor que maltratamos
Arrependimento é fogo em brasa
É sentir a dor do próprio golpe
Revolve as entranhas
É dor a pleno galope
Quem bate no rosto de quem ama
Em solidão e silêncio é condenado a sofrer
Pela mão que arde contrita
Pelo peito selado feito cofre
Como pode então sobre tenra criatura viva
Recair tão torpe golpe?
Eis o peso tolo da ira
Que de fel resulta em profundo gole

“Dou ao diabo o bem estar que trazia”

Sou o arrependido que muito sofre

Belém, 22 de fevereiro 2010 18:00

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Para Thon-thon, com amor

Há milhões delas no mundo
Mas a minha é única no universo
Na infinidade de coisas e seres
Que tudo me contam, com tão pouco a dizer
Basta mergulhar nos olhos dela
E minha verdade emerge lânguida e veloz
Numa simplicidade flamejante
Iluminando o mundo...
Meu mundo!
Que é só, e o que mais importa
Que aqueles que dele fazem parte?
Em meu pequeno planeta,
Meus três vulcões fiz questão de não apagar
Nele minha flor reina absoluta
Única no universo
Minha flor, meu tesouro


Belém, 11/01/2010 10:21

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Decisão

Por que ter certeza?
Se na dúvida não me encontro
Se estou certo que não sei
Se me perco a cada vez que me acho
Se sempre acho por nunca estar certo
Tudo acho incompleto e imperfeito
Me disseram que da vida não sei o que quero
Que preciso saber o que desejar
Se de tudo que acham nada encontro
Hoje decidi não buscar mais certeza nenhuma
Incerto, incompleto, imperfeito: sou eu


Fábyo R. Bayma
06/01/2010 13:45